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Saúde LUTA

Atendimentos no Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente sobem 58% no primeiro bimestre deste ano

Além do convênio com o governo estadual, unidade ampliou os serviços. Médica oncologista afirmou ao G1 que tratamento contra o câncer não deve ser interrompido durante a pandemia.

13/04/2021 às 10h19
Por: Jornalista Adilson Oliveira Fonte: G1 Presidente Prudente
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Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente — Foto: HRCPP
Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente — Foto: HRCPP

Há mais de um ano, a pandemia do novo coronavírus está presente na rotina dos brasileiros. Os cuidados para evitarmos a propagação do vírus é constante. Para alguns grupos, esse zelo tem um motivo a mais: a luta contra o câncer. Um dos locais de referência no Oeste Paulista no tratamento à doença, que não deve ser interrompido, é o Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente (SP), o HRCPP, que registrou aumento nos atendimentos no início deste ano.

Em janeiro e fevereiro de 2020, foram 8.424 atendimentos. Já no mesmo período deste ano, foram 13.319, um aumento de 58%. O HRCPP explicou que um mesmo paciente pode ter sido atendido mais de uma vez no mesmo mês. Durante todo o ano passado foram 57.007 atendimentos registrados.

Entre as justificativas para essa elevação, está a ampliação da oferta de novos serviços. A partir de julho de 2020, o HRCPP passou a realizar todas as cirurgias e internações oncológicas que eram feitas na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, sendo cerca de 80 pacientes por mês.

Setor de radioterapia do Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente — Foto: HRCPP

 

 Outro acréscimo foi o credenciamento do serviço de ressonância magnética ao Sistema Único de Saúde (SUS). "O serviço já era oferecido desde fevereiro de 2020, com custeio próprio do hospital, e a partir de agosto, contemplou a realização de mais 270 exames de ressonância/mês, com pacientes direcionados pelo Departamento Regional de Saúde XI (DRS). Houve também o início de outros serviços de diagnóstico por imagem, início das internações pediátricas, entre outras coisas", disse a instituição.

O convênio firmado com o governo estadual também é um dos motivos do aumento. Em janeiro deste ano, o HRCPP fechou um acordo com o Estado até o dia 30 de julho de 2021, com repasse de seis parcelas no valor de R$ 1.841.131,32, para a oferta de 80 leitos clínicos e dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para o atendimento de pacientes oncológicos e de outras patologias, exceto Covid-19.

Esse convênio é uma prorrogação do contrato firmado em julho de 2020, mediante solicitação do Departamento Regional de Saúde para que o hospital cedesse a estrutura para ajudar no enfrentamento da Covid-19.

Centro cirúrgico do Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente — Foto: HRCPP

 

A pandemia e o tratamento contra o câncer

O Hospital Regional do Câncer salientou que a pandemia de Covid-19 gerou vários impactos. Uma das mais recentes foi a suspensão das atividades cirúrgicas que demandam anestesia geral ou sedação.

"Tendo em vista o momento de desarranjo global em que atravessamos, a extrema dificuldade na obtenção de insumos/fármacos resultando em baixos estoques que são insuficientes para a manutenção rotineira dos nossos serviços e a orientação da Vigilância Sanitária de Presidente Prudente para a diminuição dos atendimentos na instituição em razão da fase emergencial, informamos a suspensão das atividades cirúrgicas que demandem anestesia geral ou sedação, no período de 1 de abril 2021 a 17 de abril de 2021. Os procedimentos passíveis de realização com raquianestesia serão mantidos. Quanto aos atendimentos ambulatoriais, serão reduzidos em 40%. Tal medida visa preservar os atendimentos prioritários: Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e cirurgias de urgência/emergência. Esperamos, assim quando houver a regularização e a saída da região da fase emergencial, retomarmos nossas atividades habituais", frisou.

O hospital informou que não tem dados sobre pacientes infectados com o novo coronavírus ou mortes pela doença. "Não há como obter esse dado pois o hospital possui pacientes que realizam acompanhamento semestral/anual, portanto, nem todos notificam a instituição", disse.

A respeito dos procedimentos adotados para o enfrentamento e prevenção da Covid-19, o HRCPP falou que adotou as seguintes medidas:

·         o uso obrigatório de máscara;

·         maior frequência de higienização dos locais e superfícies;

·         disponibilização de álcool em gel nas entradas com acionamento sem o toque das mãos;

·         aferição de temperatura na recepção do hospital;

·         redimensionamento de locais disponíveis para acomodação das pessoas como maneira de manter o distanciamento social;

·         suspensão de visitas;

·         permissão da entrada somente de acompanhantes da Lei (no caso de pacientes menores de 18 anos, idosos a partir dos 60 anos de idade e pessoas com deficiência);

·         uso de máscaras N95 (PFF2) por todos colaboradores do HRCPP; e

·         acompanhamento médico remoto – quando possível.

Cuidados especiais

A médica oncologista clínica do Hospital do Câncer de Presidente Prudente (HRCPP), Vanessa Ferreira Pelegrini, explicou ao G1 que o tratamento contra o câncer "não deve ser interrompido sob nenhum hipótese". "Converse com o seu médico sobre a melhor forma de você continuar realizando o seu tratamento sem correr riscos", relatou.

Vanessa ainda afirmou que houve uma mudança no perfil dos pacientes. "A pandemia afetou o perfil dos pacientes em tratamento do câncer. Estes têm chegado em estágios bastante avançados da doença, principalmente devido a dificuldade em acesso aos serviços de saúde e até mesmo por receio do próprio paciente e família em comparecer a um hospital e contrair a Covid-19", destacou.

Para garantir o atendimento aos pacientes, a médica contou que houve várias alterações. "Reduzimos os atendimentos presenciais. Principalmente daqueles pacientes que estão apenas em seguimento (acompanhamento). Estamos priorizando idas aos hospitais somente quando necessárias", comentou.

Sobre a prevenção da doença, ela reforça que os cuidados são os mesmos que os da população em geral, "só que redobrados por se tratarem de pacientes do grupo de risco". "Pacientes com câncer que estejam em tratamento com quimioterapia, radioterapia, os que fazem uso de medicamentos imunossupressores ou que tenham feito cirurgia há menos de um mês são considerados grupo de risco para a Covid-19", frisou.

Médica oncologista clínica do Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente, Vanessa Ferreira Pelegrini — Foto: HRCPP

 

Ela deu as seguintes orientações:

·         Ficar em casa quando não for dia de tratamento. Sair somente, se realmente necessário, e manter distância de, pelo menos, um metro de outras pessoas.

·         Lavar as mãos com frequência.

·         Não levar as mãos ao rosto.

·         Cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar.

·         Não compartilhar objetos de uso pessoal.

·         Higienizar objetos tocados com frequência, como por exemplo, celular, chaves, maçanetas etc..

·         Usar máscara de proteção.

·         Cumprimentar a distância, mesmo os familiares.

A oncologista informou dados de estudos relacionados ao tratamento contra o câncer e o coronavírus. “Existem vários estudos no mundo todo em pacientes com câncer e Covid-19. Os estudos são bastante heterogêneos entre si. A mortalidade média dos pacientes oncológicos com Covid varia entre 15-25%. Nos pacientes com câncer e que necessitam de internação este número é ainda maior. A taxa de mortalidade fica acima de 30%, sendo os pacientes com câncer de pulmão e tumores hematológicos os mais afetados”, apontou.

Ela ressaltou também a importância de adotar medidas para prevenir a doença.

"A prevenção salva vidas e é fundamental em pacientes com câncer. Principalmente aqueles portadores de neoplasias hematológicas como leucemia, linfomas e mieloma múltiplo, assim como os que passaram por transplante de medula óssea e aqueles em tratamento com quimioterapia. Estes subgrupos de pacientes são os mais vulneráveis entre a população oncológica", finalizou ao G1.

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